sábado, 24 de maio de 2008

ilusões...

Vivi durante muito tempo na linda ilusão de que os sentimentos mais profundos eram uma espécie de doença. Tipo...«eu? apaixonar-me?! Deus me livre e guarde!».

Claro que isto era uma grande parvoíce...volta não vira lá caía nesse erro (mas que nunca ninguém soubesse, que isso era uma vergonha insuportável).

Para mim, bom bom eram as relações tipo sushi, ou o fast food da comida japonesa como alguns lhe chamam, ora aí está a metáfora perfeita.

Muito bom para a alma, fácil e rápido de cozinhar, e com um óptimo sabor no final, 'Bora lá pagar a conta e ala que se faz tarde.

Sem pensar muito bem na dor que pudesse causar, sem querer ter muito trabalho, sempre muito consciente daquilo que me faziam de bom, da alegria e da amizade e também dos finais menos bons.

Mas nunca me dei ao trabalho de pensar que tudo tem uma causa e um efeito, também não perdi muito tempo a pensar nas atitudes que poderiam magoar aqueles que me eram queridos(mas para quê?não quero, não quero,não quero!)

Claro que o Universo não anda a dormir e passou meses, anos senão séculos a dizer-me «Oh Ana, vê lá se atinas e se compras uns travões, que bem precisas».

Como é óbvio deixei o Universo a falar sozinho, não tinha paciência para o ouvir, e então ele mandou-me algumas pessoas que me pudessem explicar isso por A+B,e eu lá fui percebendo.

Exactamente como no «Sangue no pescoço do gato», tipo ET a repetir frases até elas entrarem no cérebro e serem interiorizadas- a tua luta não foi em vão little Jo! Aos pouquinhos foi entrando até estar completamente percebido.

Mas não é sobre isso que quero falar, é só a introdução. A maior parte das pessoas perde muito tempo a pensar em como a vida é mesmo cabra («desaperta o garrote, dá a volta a esse mote» dizia o génio) e eu também perdi muito tempo nesse jogo.

Depois de muita refinação,finalmente consigo pensar em todas as atitudes que tive e que não foram nada bonitas, ainda que na altura me parecessem o mais natural da vida e enquadradas na minha filosofia de «pira-te da minha vida que não fazes aqui falta nenhuma e não quero falar contigo e mais não digo».

É curioso como podemos passar largos anos sem fazer esta auto-análise/crítica e quando a fazemos ela nos atinge como se de uma onda gigante se tratasse. Mas já não podemos voltar atrás; já está, já está e não há volta a dar e se os principezinhos da vida voltam para o planeta B609 azar o nosso, que devíamos era ter pensado nisso antes.

O que é mesmo muito importante perceber é que nem tudo acontece por geração espontânea, por vezes temos mesmo de ter trabalho, ceder algum do espaço do nosso casulo e participar nalguma espécie de construção-seja ela por amizade ou qualquer outra coisa do estilo, nem tudo nasce do vento, enquanto estamos a olhar, e é mesmo bom pensar nisso e agir em conformidade.

Por ser meia Maria-rapaz nunca pensei nisso como deve ser, sempre achei que alguns momentos eram causa directa e efeito de outros, sem me aperceber muito bem da quantidade de diamantes que me eram oferecidos sem que eu tivesse o mínimo trabalho, quando me começaram a dar safiras ou topázios achei esquisito à brava (mas em bom rigor ainda podia descer mais, de qualquer das formas não era a isso que estava habituada e quero diamantes e não pedras do caminho por mais bonitas que sejam!).

Estranha forma de visionar tantas coisas boas- que antes não via, elas estão lá, sempre estiveram, eu é que não sabia apreciar.

3 comentários:

Anónimo disse...

Eu queria comentar, mas neste momento acredito tanto nisso do amor e da beleza das relações humanas como no "super tremoço" e não digo Pai Natal porque acredito mais nele.


bj e continua com isto

. disse...

A luta é tua! Eu não lutei, porque o meu objectivo nunca foi mudar-te. Foi apenas alertar-te! Quanto mais te mascaravas mais te punhas à mostra.
Fico feliz que estejas a olhar para dentro de ti desta forma...
Chegamos sempre a conclusões brilhantes, mesmo que nos assustemos muitas vezes com elas. São as dores de crescimento.
Continua!
"Sucker love, a box I choose, No other box I choose to use, Another love I would abuse,No circunstances could excuse..."

Indigente disse...

“Eu apaixonar-me???” no meu caso sou obrigado a dizer que é o pão-nosso de cada dia! É um problema reservado a quem anda sempre a explorar a essência das pessoas. Obviamente isto também trás problemas, e mais tarde temos de saber acender a mesma paixão todos os dias, e as outras, coloca-las no campo platónico. Tão difícil como manter uma mesma paixão todos os dias, é evitar que aquelas que colocamos no plano platónico se mantenham ai. Normalmente consegue-se, mas há sempre alguém que…
Pior ainda será uma paixão que se tornou num grande amor, e porque o destino assim o decidiu, exige que cada um siga caminhos diferentes na promessa de que um dia, quem sabe…

Como diria o meu velho amigo Newton, para toda a acção haverá uma reacção de força igual no mesmo sentido, mas em direcção oposta.
Na vida, resumimos esta lei a “ para toda a acção, uma reacção de igual força”.
Se deres amizade, irás receber amizade em proporção igual, se deres amor, idem, paixão, ódio, inveja… tudo o que possas dar, é certinho que irás receber de volta mais cedo ou mais tarde.
Qual o problema desta equação?
Ás vezes a pessoa a quem entregas uma emoção, não é a mesma que te entrega a reacção equivalente. Felizmente ás vezes o destino é amigo e a coisa até corre bem.

É importante que no que toca a relações humanas, o outro saiba exactamente com o que pode contar. Se queremos um amigo, eles que o saiba, se queremos coloridos apenas, eles que saiba, se a porta não estiver trancada, então já não precisa de saber nada.

Isto na minha cabeça faz muito mais sentido do que em palavras, mas enfim…
Como diria um colega “ Deixa-o viver para castigo, que cá é que se paga!”