quarta-feira, 27 de agosto de 2008

Obrigada!

Sabem aquela mania parva que temos? Aquela de só querer dizer determinadas coisas a determinadas pessoas, quando já não podemos? Pois bem...eu também tenho essa mania.

Às vezes pode ser por falta de coragem, outras porque não damos a devida importância a certas pessoas, outras porque achamos que a pessoa em causa não vai perceber ou vai fazer uma interpretação errada do que tivermos para lhe dizer, e outras ainda só porque não nos apetece.

Bem...hoje uma pessoa que é muito importante para mim faz anos. Importante porquê? Porque foi uma das pessoas que curti mais conhecer na faculdade, porque tinha uma paciência enorme para mim nos momentos mais parvos, mas principalmente porque contribuiu para que uma data de coisas sarassem em mim.

Claro que essa pessoa não tem essa noção, nunca lhe disse, nem precisa saber. Em bom rigor só percebi essa importância quando uns tempos mais tarde ultrapassei um problema grave que só não foi pior por causa da dádiva de ter tido a oportunidade de aprender qualquer coisa com um ser humano do outro mundo.

Presumo que a pessoa em causa não vá ler isto, mas se por acaso isso acontecer: Parabéns e Obrigada. E nem vai ser preciso dizer mais.

quinta-feira, 7 de agosto de 2008

Dever cumprido

Uma das regras basilares da nobre profissão da advocacia é não falar em público sobre os casos em que se trabalha, divulgar nomes ou pormenores que possam colocar em risco a privacidade dos clientes, e aquilo que é dito entre advogado e cliente.

Como é lógico não o vou fazer. Mas nos últimos tempos os advogados-estagiários foram elevados ao mesmo estatuto que as bruxas durante a época da inquisição e são vistos como alvos a abater precisamente por quem os devia defender.

Cada intervenção do «nosso» Bastonário contém sempre uma consideração ou outra sobre como somos mesmo incompetentes e tolinhos, sobre como nos limitamos a «pedir justiça», como somos pouco mais do que analfabetos. Bem...em bom rigor se calhar é abuso dizer «nosso» Bastonário depois do próprio ter enviado um mail a todos os seus colegas onde dizia que não o era, que não tinha dever nenhum para connosco, nós, que nem inscritos na Ordem estamos (eu ando sempre com uma cédula azul que parece dizer o contrário mas pronto...).

Poderia discorrer toda a noite sobre isso mas passei a Deontologia, bebi nas palavras de Santo Ivo e há regras que, para mim, são já parte da minha pele, mesmo que ainda não tenha conseguido a cédula encarnada que tanto almejo, por tudo isto não vou tecer considerações sobre o meu Bastonário. Porque tenho para com ele um dever de respeito-porque é o Bastonário actual, porque é um colega mais velho, porque a dignidade da pessoa humana assim o dita.

Ainda assim, hoje adormeço muito cansada e muito feliz. Com a melhor sensação de dever cumprido.

Durante os últimos meses tive um caso a dar-me voltas à cabeça por todos os motivos e mais alguns mas principalmente pelo lado humano-impossível de dissociar tantas e tantas vezes.

Pois bem...esse caso conheceu o seu desfecho hoje, e adormeço sabendo que cumpri o meu dever, que consegui atingir o objectivo num caso que parecia perdido.

Adormeço a saber que se conseguiram reunir as condições ideais de como um Estado de Direito deve funcionar, com a colaboração de todos os intervenientes numa perspectiva de colaboração e não de despique. Médicos, enfermeiros, assistente social, Juíz, Ministério Público, família e vá...lá pelo meio também andei eu.

Posso nunca vir a ter a cédula encarnada mas aquilo que faço está carimbado de responsabilidade e de esforço máximo no sentido de fazer aquilo a que me proponho.

A partir de sexta-feira alguém vai voltar a dormir no aconchego de um lar.E, querendo ou não, foi um trabalho desenvolvido por uma ADVOGADA-ESTAGIÁRIA.