quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Trata do ponto de ebulição (um pouco mais de paciência...)

Há medida que o tempo passa percebo que tenho cada vez menos paciência, ou melhor,que o meu ponto de ebulição vai descendo vertiginosamente.

Há pessoas, momentos, situações que pura e simplesmente não valem a pena. Mesmo.

Não vale a pena confiar no bom senso, ou na pretensa boa educação, ou na eventual cultura.

Tenho como dogma que a paciência se mede pelo ponto de ebulição e pelo período de tempo que conseguimos manter algum frio no meio de algum líquido fervente.

Passo a explicar, por um lado a paciência tem tudo a ver com o tempo que demoramos até atingir o ponto de ebulição, aquele em que estamos a ferver e quem falar leva por tabela porque sabemos que estivemos a marinar algo o tempo suficiente para SABERMOS que temos razão. Por este prisma quanto mais tempo demoramos a atingir o ponto de ebulição mais paciência temos.

Por outro lado temos a paciência que se demonstra durante a fervura, quanto tempo demora até que, atingido o ponto de ebulição, a pessoa em causa abandonar essa situação.

Se formos pelo primeiro critério, sei que a minha paciência é tão grande que se transforma num defeito.

Se acreditarmos no segundo então o meu nível de paciência é zero.

Hoje tive um dia que me fez reflectir em todos estes prismas e percebi que a paciência é uma dádiva que só devemos fornecer a quem merece, a quem vale a pena, a situações em que valha a pensa investir.

Por capítulos, hoje percebi que:

-não tenho paciência para continuar a ver talento (do verdadeiro e não do fabricado através de meios artificiais) deitado à rua. tenho uma amiga, com quem trabalhei numa determinada instituição bancária, que transpira talento para a actividade dela por todos os poros. uma das primeiras conversas que tivemos foi sobre um projecto que ela tinha para melhorar os resultados de uma equipa através da psicologia. o que faz este país?aproveita esta profissional para potenciar resultados ou tenta fazer a máxima exploração possível? Segunda hipótese, e eu já não tenho paciência para estas políticas da treta, esta forma de pensar generalizada.

-não tenho paciência para pessoas mal educadas, o meu ponto de ebulição é muito alto mas mais tarde ou mais cedo é atingido e eu simplesmente desisto dessa pessoa. não tenho pachorra. tenho duas amigas que ainda acreditam no poder do diálogo, acreditam piamente que uma boa conversa pode ter algum resultado. dou por mim a ouvi-las com um sorriso porque também gostava de acreditar nisso. todavia aprendi que há pessoas com quem simplesmente NÃO RESULTA, podemos dizer a mesma coisa mil vezes mas há pessoas com quem simplesmente não resulta e nesse caso há que desistir.a ignorância aliada à casmurrice arrogante...não há paciência.

-não tenho paciência para pessoas que provocam pela calada e que no fim das contas «estão só a brincar», o ponto de ebulição para esses chega cedo, bem como a minha desistência.

-não tenho paciência para perdas de tempo, em transportes públicos, por exemplo,há coisas que não se admitem...estar 20 minutos à espera de um comboio, por exemplo. não é assim que se promovem os transportes públicos. quem sofre é o meio ambiente e a produção per capita deste país (tempo é dinheiro).

-não tenho paciência para a falta de cortesia geral, em todo mas todo o lado,já ninguém diz «com licença», «obrigado», já ninguém se levanta para dar o lugar (e é esquisito quando o fazemos), ninguém dá prioridade, toda a gente fala como se fosse o (a) dono(a) da verdade, toda a gente julga toda a gente.

Enfim...podia estar aqui o resto da noite a enumerar situações nas quais a minha paciência se esgota mas por agora fica aqui um tema que encara a paciência como uma atitude perante a vida, um exercício que tenho de realizar.

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