segunda-feira, 27 de abril de 2009

Dos dogmas em jeito de carta aberta

Existem frases que se tornaram clichés e que são usadas a torto e a direito tanta vez que quase perdem o seu significado. Mas este fim-de-semana tive oportunidade(e preferia não ter tido) de experimentar e experienciar alguns deles. E tenho a certeza que afinal são dogmas.

-a pior traição é a que vem de um amigo: porque há coisas que os amigos simplesmente não fazem uns aos outros e que encontram o seu resumo na quebra de confiança (quer estejamos a falar de bens materiais ou do reduto dos sentimentos partilhados ou ainda de códigos de honra que nunca deviam ser quebrados).

-a pior morte é a de alguém que continua vivo: a pessoa continua a existir mas desapareceu, evaporou-se, deixa-se de poder alcançá-la, seja através de que meio fôr (por vontade própria ou da pessoa em causa).

Não quero acreditar, não posso acreditar, afinal de contas eras tu e portanto não passaria pela cabeça de ninguém! E ainda assim parece que é mesmo verdade.

Ao princípio uma história tão absurda que nem processei bem a informação (até porque não podia ser verdade).

Tinhas o teu lado bom e o teu lado mau, como todos nós, mas nunca deixaste antever uma personalidade tão alucinada. Pelo contrário, parecias ter o teu código de honra, muito próprio, muito maleável, mas ainda assim existente.

Não tenho jeito para julgamentos, nem condenações na praça pública à priori. Quero acreditar que está tudo bem contigo, mas quero também acreditar que tiveste um forte motivo, mas daqueles mesmo fortes e irrecusáveis e irrefutáveis, para o que fizeste (todavia, tenho cá um "feeling" que não existe o tal motivo ou a existir não vamos saber qual é).

Infelizmente acho que acredito por causa das mil e uma desculpas coladas a água.

Nem acho que tenha especial azar, não mais do que as pessoas que te eram realmente próximas e a quem traíste de forma tão despudorada, não mais do que as contas delapidadas. Mas fico triste por saber que não eras assim e curiosa por saber o que raios se terá passado para mudares de forma tão abrupta e dissimulada.

O que é triste não é o acto em si (que é sem dúvida grave e repudiante) mas sim o facto de o teres feito a pessoas que te eram tão próximas e com quem cresceste e que se preocupavam contigo. Por o teres feito sem a mínima consideração pelas circunstâncias das pessoas que ingenuamente te quiseram ajudar. E que agora não te reconhecem nos teus actos nem no teu desaparecimento.

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