quinta-feira, 5 de junho de 2008

eternamente....

Estive a pensar na maravilha que é ter um blog. De facto devia ter começado há mais tempo.

Podemos partilhar tudo o que nos vem à cabeça, dizer da nossa justiça, desabafar, mostrar os nossos pontos de vista. Sem dúvida que a palavra que mais associo à blogosfera é sem dúvida «partilha». Com os nossos amigos,com conhecidos, com quem quer que seja que resolva utilizar algum do seu tempo para nos ler (e com sorte comentar-curti à brava, és mesmo fixe, continua, vai para casa, não desperdices assim o espaço que existe na net, vê se dormes que fazes melhor).

Nesta senda (ena! andamos a ficar mesmo bem falantes, fazer a 4ªclasse afinal foi mesmo uma mais valia) hoje resolvi partilhar um excerto de um texto simplesmente fantástico.

Chama-se «Eternamente» e está integrado numa espécie de antologia de textos do Miguel Sousa Tavares numa qualquer revista feminina-Não te deixarei morrer David Crocket.

A razão pela qual resolvi por aqui o excerto tem a ver com o que já fez por mim mas também por diversas pessoas que comigo se cruzaram desde que o li.

O autor dispensa apresentações, é um Senhor no verdadeiro sentido da palavra. O que pouca gente sabe, pelo menos quem não tenha tido oportunidade de o ler (sim...ele escreveu outras coisas para além do "Equador") é que é também uma alma sensível sem ser lamechas. A epítome perfeita do frio mas sensível-e eu também vou ser assim quando for grande!

O texto é das prosas líricas mais bonitas que já tive oportunidade de apreciar. Trata-se de uma carta a alguém que se perdeu, que já não está lá, que ficou lá muito atrás no tempo mas que de alguma forma permanece.

Tudo isto sem ser lamechas.

Ler o texto na íntegra num momento menos bom é como estar de ressaca e tomar guronsan, ou ter dores de cabeça e tomar aspirina. Ajuda-nos a perceber que nada se perde, tudo se transforma.

Os momentos que são nossos continuam, o que partilhámos,com quem partilhámos ainda estão onde sempre estiveram.

Como já disse cada vez que estou menos bem dou-lhe uma vista de olhos, mas também cada vez que algum amigo meu está numa fase menos boa é certo e sabido que lá segue uma cópia escrita à mão-eles ficam melhor e o Sr. Tavares usa as palavras bem melhor do que qualquer frase menos própria que me pudesse sair na altura.

Poderia continuar aqui a enaltecer as qualidades desta minha aspirina para alma mas vou-me limitar a transcrever a frase chave que resume bem o espírito do texto. E aconselho vivamente a leitura integral (como não quero ter problemas de direitos de autor aconselho também a compra do livro lol)

«E de novo acredito que nada do que é importante se perde verdadeiramente. Apenas nos iludimos, julgando ser donos das coisas, dos instantes e dos outros. Comigo caminham todos os mortos que amei, todos os amigos que se afastaram, todos os dias felizes que se apagaram. Não perdi nada, apenas a ilusão de que tudo podia ser meu para sempre»

Miguel Sousa Tavares- In Não te deixarei morrer David Crocket


1 comentário:

Anónimo disse...

Pois é, ter um blog é coisa engraçada.
Espero uma longa carreira de blogger aqui por estes lados, cara Ana!
Ah, esqueceste-te de dizer uma coisa: Miguel Sousa Tavares é também viciado em tabaco.
É sempre bom dar a conhecer isso.